NÃO HÁ UM QUE FAÇA O BEM

29/11/2009 21:02

 “Sua fé pode te salvar?”.

 

                                                                         Por Osni de Figueiredo

 

 

A bíblia é o livro mais vendido do mundo, já foi traduzido para quase todas línguas no mundo, é lido por devotos, céticos, especuladores, gananciosos, por uma ampla turba se tornando o livro mais conhecido de todos os tempos.

 

No início as verdades divinas eram passadas de pessoa para pessoa de maneira verbal (Dt 6:6.7), depois, Deus falava á Moises que passava para o povo na forma escrita (Ex.24:3,4), quando o povo de Israel voltou do cativeiro Babilônico foi necessário passar os livros existentes para o aramaico, para que o povo pudesse entender, pois, muito deles não compreendia mais o Hebraico.

 

Alexandre o grande, ao fazer a helenização criou uma situação de desconforto para os amantes da bíblia sendo mais uma vez preciso passar os santos textos para a língua corrente, o grego Koiné (Septuaginta). Depois para o latim (Jerônimo), o alemão (Lutero), etc, sempre houve esforço para se entender as sagradas letras a fim de se lapidar condutas, caminhar para a perfeição do indivíduo, hoje temos bíblias de todo o jeito para todos os gostos e objetivos, porem temo que não estamos acertando o alvo (esta é a definição de pecado), será que ter conhecimento do que esta escrito nos torna melhores? É justificado os que conhecem ou os que praticam a palavra de Deus? (Jo 13:17) Somos chamados “crentes” por crer em Deus, questiono, o que é crer em Deus, crer que Ele existe? Saber que Ele é bom? Se alguém dissesse que acredita neste escritor sem saber o que eu disse ou deixei escrito, estaria esta pessoa dizendo a verdade? Se alguém disser que crê em Deus, mas não se disciplina pelas advertências dEle, estaria este dizendo a verdade? O diabo sabe da existência de Deus, cita a bíblia de cór (Mt 4) crê que estremece, não podemos de maneira nenhuma ter esta mesma conduta diante de Deus, o evangelho tem se alastrado de maneira surpreendente, como uma grande empresa que aumenta a produção, mas deixando a qualidade cair, entenda o leitor que não me refiro aqui a uso e costumes que são variáveis de lugar para lugar e de pouca referencia bíblica, mas me refiro á hombridade, valores reais e perceptíveis ao meio em que vivemos, elementos que venham realmente nos fazer diferentes no meio de uma geração corrupta e perversa, demonstrações de justiça superior aos demais.(Mt.5: 20)

 

Gosto das palavras dita por Tiago que vem alertar “sua fé pode te salvar?” (Tg 2:14) por trazer á consciência a necessidade de obras dignas de quem se diz salvo, é um séqüito inseparável sem o qual o primeiro seria desmentido, obra não produz fé, mas fé com certeza produz obras.

É ponto passivo que evangelho é transformação, onde esta essa transformação? O nosso “evangelho” tem gerado vaidade pessoal, sentimento de grandeza, tem gerado prepotência, religiosidade, autojustificação entre outros males, é comum ver pastores e pseudopastores clamar contra a roupa que se veste ou a maquiagem que se usa, mas coisa rara é os ver clamar contra a mentira, a falta de sinceridade, a inveja, o descaso em relação ao menos favorecido, o desamor, a desonra de contratos, o julgamento temerário, a acepção de pessoas, é grande a lista de valores plenamente bíblicos que são ignorados em troca de valores veniais.

 

Vivendo num sistema capitalista onde a corrida pelo bem terreal é alucinante, o crente tem que refletir e considerar os seus caminhos segundo a palavra de Deus, Jesus considerou a riqueza como sendo um “senhor” (Mt 6:24) o seu senhorio é notória em toda a terra, a necessidade nos aperta de todos os lados que chega a obscurecer os nossos olhos não nos deixando ver com clareza quais são os verdadeiros valores, como se o fim justificasse os meios, onde para não padecer necessidade, não perder dinheiro, ou perder lucro, tudo é válido. Todos foram entorpecidos pela vida secular, todos se curvaram diante de mamon, não há um que faça o bem, não há um que esteja pronto a sofrer dano pela vitória de seu semelhante, tirar se si mesmo para favorecer outrem, ninguém quer se envolver com dificuldades alheias, não tem tempo pra isto, não quer perder nada com isto, todos mantém uma distancia segura dos amigos e até dos parentes para não aumentar seus compromissos, todos se distanciaram do maior de todos os mandamentos, amar o próximo como a ti mesmo, todos buscam somente o que é seu, se dar bem é mais importante, fazem negócios truculentos, enganam e não se sentem mal, só cumprem o que dizem se não os atrapalhar em nada, exigem todos os seus direitos e ignoram os direitos dos outros.

 

Fazer negócio com as pessôas hoje se tornou uma “caixinha de surpresa”, não se sabe se vão tentar nos tapear ou não, se cumprirão o que prometeram ou não, o fato de ser crente não é mais preponderante, ao contrario, é motivo de desconfiança, pois são indivíduos que afirmam o que se deveria ser, mas não o que se é, há uma falsidade ideológica patente.

 

Agrava-se neste caso, pois quem sabe o certo e faz o errado sua culpa é maior, os conhecimentos se multiplicam, pregações novas são geradas em caudal, mentes imaginosas e férteis unidas á boa oratória resultam em fenomenais preleções que nos levam até o céu, arrancam ovações, aquece nossos cultos, mas quando voltam para a vida cotidiana, tudo ficou na esfera espiritual como se existisse um universo paralelo onde um comportamento é adequado á vida “real” e outro á vida “religiosa”, há quem não mistura religião com trabalho, religião com negócio, religião com vida privada, ou seja, nestes momentos se desviam. A constancia com que fazemos isto nos torna cada vez mais insensível ao Espírito Santo nos cauterizando, de tanto ouvir já não se leva á serio, de tanto falar já não nos importamos tanto, se tornou comum, ao ouvir uma mensagem ficam imaginando onde poderia ser melhorada, onde o pregador errou, ou apenas se mantém no âmbito da mera admiração. Nos acariciam frases como: “-é assim mesmo, ninguém é perfeito”, “não sejas demasiadamente justo, porque destruiria a ti mesmo?” (Ecl 7:16), e assim prossegue a caminhar não sei pra onde, o que apresentaremos ao Senhor, na sua vinda? Temo que o inimigo de nossas almas tenha nos cegados a visão e o entendimento a ponto de já não conseguirmos identificar para onde estamos indo, a desconsideração ao modelo bíblico se tornou tão comum que nem percebemos que faz mal, é como se a bíblia fosse apenas para se ser admirada, estudada para fazer exposição de conhecimento e fazer demonstração de nossa “espiritualidade”.

 

Pessôas que experimentaram mudanças no começo da sua fé (como nós mesmos), aos poucos, vendo o desleixo de seus irmãos vão se deixando levar ampliando a margem de tolerância, perdem o primeiro amor, com isto não só são desclassificados como fazem tropeçar aos que estão em redor, são nuvens sem água, apascentam a si mesmo sem temor, são arvores duas vezes mortas.(Jd 12), mas tem jeito ainda pela palavra que diz “Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará”.(Ef 5:14)

 

Tenho certeza que Deus tem os seus separados deste mundo desregrado, que ainda conserva-se como luz nas trevas, como quem passa pela lama sem se sujar, vive no mundo sem o mundo viver neles, que ainda acreditam que Deus é poderoso e fiel para justificar os homens de boas obras e implacável contra os maus e hipócritas, Oxalá seja eu contado com estes. Para muitos o dia da vinda de Jesus não será dia de festa, mas dia de angustia, de densas trevas que jamais os esconderão, dia de tardio arrependimento.

 

Nisto são manifestos os filhos de Deus, e os filhos do Diabo: quem não pratica a justiça não é de Deus, nem o que não ama a seu irmão. I Jô. 3.10

 

Se no dia chamado hoje ouvires a voz do Espírito Santo, não endureça seu coração.(Hb.3:15)