VOCÊ É UM LADRÃO?

                                     VOCÊ É UM LADRÃO?

 

“Mas se, procurando ser justificados em Cristo, fomos nós mesmos também achados pecadores, é porventura Cristo ministro do pecado? De modo nenhum”. (Gl 2.17)

 

Comovo-me de indignação sempre quando saio de minha casa para prestar culto ao Senhor Jesus que me escolheu, tirou do pecado, me salvou da condenação, me justificou pelo seu sangue e pela fé posso dizer “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica” (Rm 8.33), e desconsiderando tudo isto nos ofendem, nos humilham, aqueles que deveriam nos animar na graça que há em Jesus Cristo, nos xingam de Ladrões por torpe ganância, querendo nos colocar fardos pesados da Lei Mosaica. Mas não são estes mesmos que ganham deste dinheiro do povo quantias vultuosas, muito acima da média dos membros de suas igrejas, levam vidas arregaladas, tem filhos em faculdades e nos Estados Unidos enquanto o povo geme? Mas uma pergunta não podem responder, Porque o Apostolo Paulo em suas 13 cartas, entre seus vário ensinos e correções aos crentes não menciona uma única vez este tão “indispensável” tributo? Antes em II Cor 9.7 diz que deve se contribuir conforme propôs em seu coração, não por obrigação ou quantia preestabelecida.

Combatem severamente os “Adventistas” por incluir um rudimento da Lei (guarda do Sábado), mas exigem um outro rudimento da mesma Lei, o Dízimo, dizendo não ser da lei querem ser melhor interprete da Bíblia do que Jesus, pois foi Ele que afirmou ser o Dízimo da Lei  “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes omitido o que há de mais importante na lei, a saber, a justiça, a misericórdia e a fé; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas”(Mt.23.23). Notem: o que há de mais importante na lei.

 

De fato, esta afirmação de Jesus nos remete à discussão sobre a Lei e a Graça, o Velho e o Novo Testamento, a Antiga e a Nova Aliança. O autor de Hebreus ensina a respeito de Jesus como “Mediador de superior aliança instituída com base em superiores promessas (8.6), e completa: Quando ele diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido está prestes a desaparecer (8.13).o esforço do escritor aos Hebreus era no sentido de tirar a venda dos olhos do povo Hebreu para que pudessem perceber a substituição que Deus havia feito através de seu filho Jesus, passando da velha lei que já havia cumprido seu propósito para as boas novas anunciadas por Cristo através da pregação, poder e virtude do Espírito Santo e culminando com sua própria morte, que, alias, era o perfeito cumprimento de toda a lei. Paulo afirma o mesmo com outras palavras: “De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé. Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados ao aio”  (Gl 3.24-25). A implicância de tentar justificar-se diante de Deus procurando fazer corretamente atributos da lei é extremamente perigoso, ao invés de trazer as bênçãos esperadas pode trazer condenações, espantoso isto, não é? Pois é, quando nos apegamos á lei como forma de justiça, desprezamos a graça (favor sem mérito) de Jesus Cristo (Gl 2.21) e a lei amaldiçoa á todos que a fizer parcialmente.  “Pois qualquer que guardar toda a lei, mas tropeçar em um só ponto, tem-se tornado culpado de todos”(Tg 2.10). e  “Pois todos quantos são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque escrito está: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las.”(Gl 3.10)

 

Sabemos que há dois testamentos, duas alianças – uma antiga, que já passou, e uma nova, que esta em vigor. Mas, quando começou a vigorar a nova aliança, o novo testamento? Hebreus responde: “Porque, onde há testamento, é necessário que intervenha a morte do testador; pois um testamento só é confirmado no caso de mortos; visto que de maneira nenhuma tem força de lei enquanto vive o testador. (Hb 9.16-17)  Oh! que significado tem as palavras de Jesus na última ceia: “porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados.”(Mt 26.28). Assim sendo, embora a lei e os profetas tenham durado até João batista, a graça começou sua implantação desde então e só foi completada na morte do novo testador, ou seja, quando Jesus Cristo morreu na cruz do calvário”.

Podemos dizer que o Antigo Testamento vigorou até Mateus 27.50 quando “Jesus, clamando outra vez com grande voz, entregou o espírito”.

 Mateus 23,23 seria um excelente versículo para defesa da obrigação neotestamentária do dízimo, mas, somente se a Bíblia devesse ser apenas lida nunca estudada, pois ao estudarmos o texto, perceberemos que Jesus não ordena nada para a igreja nesta passagem, observe que o diálogo dele é com os fariseus hipócritas e não ensinos á seus discípulos, e Jesus como cumpridor da lei não poderiam discordar dela até que tudo se cumprisse, e é isso que o Senhor determinou àqueles homens, pois Ele veio para cumprir a lei e os profetas e não destruir (Mt.5.17). A lei não poderia de maneira nenhuma ser ignorado, pois era a palavra de Deus, deveria ser cumprida e só então tirada e estabelecida outra, como esta escrito: “agora disse: Eis-me aqui para fazer a tua vontade. Ele tira o primeiro, para estabelecer o segundo. É nessa vontade dele que temos sido santificados pela oferta do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez para sempre.”(Hb 10.9e10) .Não foi negligenciada, mas cumprida e então substituída por uma mais excelente.“Mas agora alcançou ele ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de um melhor pacto, o qual está firmado sobre melhores promessas”. (Hb 8.6) (grifo nosso).

 

Mt 23.23.”... devíeis fazer, sem omitir aquelas” não pode ser usada para se dizer que o crente deve dar o dízimo como uma obrigação, pois em inúmeras outras passagens se vê o Senhor Jesus obedecendo aos vários preceitos da Antiga Aliança, em Mateus 2 verso 4 Jesus manda uma pessoa que foi curada ir se apresentar ao sacerdote e oferecer o sacrifício determinado por Moisés, ninguém em sã consciência ofereceria o sacrifício de Moisés hoje após ser curado. “Jesus, pois, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: Quero; sê limpo. No mesmo instante ficou purificado da sua lepra. Disse-lhe então Jesus: Olha, não contes isto a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote, e apresenta a oferta que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho”. Ora, no princípio do capítulo 23 de Mateus podemos ver Jesus falando à multidão e aos discípulos com respeito aos escribas e fariseus "fazei e guardai, pois, tudo quanto eles vos disserem". É plausível dizer que os fariseus com hipocrisia ou sem ela, guardavam toda lei e assim ensinavam ao povo. Estaria Jesus querendo que praticássemos a Lei até os dias de hoje? Ou era temporária até estar tudo consumado e então implantado a graça?!

Logo se Mt. 23.23 fosse ordenança para a igreja pelo fato de Jesus ter desmascarado os fariseus por não cumprir a lei corretamente (dizimavam coisas miúdas apenas), então, teríamos hoje um misto de cristianismo e judaísmo, com mais de seiscentos mandamentos do Velho Testamento em vigor, por força do que está determinado no v.3, pois ele mandou obedecer aos escribas e fariseus, "fazei e guardai, pois, tudo quanto eles vos disserem".

Jesus estava trazendo á luz a Hipocrisia dos fariseus lhes mostrando como se gloriavam na lei e a cumpriam de maneira imperfeita.. como se dissesse, -“quer se justificar na lei? Cumpra-a direito”. Mt. 23.23 não foi exatamente uma ordem, e sim, uma denúncia, afinal, nós seremos julgados no ultimo dia pelo que esta escrita no velho testamento ou pelas palavras de Jesus pregada no novo testamento?! “Quem me rejeita, e não recebe as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado essa o julgará no último dia. Porque eu não falei por mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, esse me deu mandamento quanto ao que dizer e como falar. E sei que o seu mandamento é vida eterna.”(Jo 12.49)

 

   O apóstolo S. Paulo nos deixa o ensino. “Não faço nula a graça de Deus; porque, se a justiça vem mediante a lei, logo Cristo morreu em vão.” (Gl 2.21) Mas estes que nos xingam de LADRÃO não tendo como sustentar seus ensinos na velha lei, dizem que o dízimo é anterior á lei, pois Abraão deu o dízimo de tudo para Melquizedeque antes da lei que só veio mais tarde com Moisés.

É tentativa de enganar ou falta de exame da bíblia, vejamos que Abraão não deu o dízimo de tudo quanto tinha como exigem de nós, ele deu o dízimo do (despojo) que tomou  das cinco nações unidas que aprisionara Ló “Considerai, pois, quão grande era este, a quem até o patriarca Abraão deu o dízimo dentre os melhores despojos”. (Hb 7.4  Gn14.1á20) (era direito do vencedor tomar os bens do vencido), e não da sua riqueza que alcançara na descida ao Egito ou do seu gado. (Gn 20.14) “Então tomou Abimeleque ovelhas e bois, e servos e servas, e os deu a Abraão;(16)”E a Sara disse: Eis que tenho dado a teu irmão mil moedas de prata”.

 

Muito mais o ensino não se sustenta, pois a circuncisão também foi ordenada antes de Moisés (Gn 17.10) e ninguém duvida que é um rudimento da Lei,” Moisés vos ordenou a circuncisão (não que fosse de Moisés, mas dos pais), e no sábado circuncidais um homem”.(Jo7.22). desta mesma forma o dízimo é da lei não que foi primeiramente da lei mas, dos pais. Temos o testemunho disto do próprio Jesus (Mt 23.23) e  Hebreus 7.5 etc.

 

Nada convence melhor que a Palavra de Deus, quero deixá-la falar por si mesma: HEBREUS Capítulos 7: (7.11) De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (pois sob este o povo recebeu a lei), que necessidade havia ainda de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e que não fosse contado segundo a ordem de Arão? (7.12) Pois, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei... (7. 16) que não foi feito conforme a lei de um mandamento carnal, mas segundo o poder duma vida indissolúvel...(verso18) Pois, com efeito, o mandamento anterior é ab-rogado por causa da sua fraqueza e inutilidade,(7.19) (pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou), e desta sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual nos aproximamos de Deus..(7.22) . de tanto melhor pacto Jesus foi feito fiador..(7.25). Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, porquanto vive sempre para interceder por eles.

 

Seria uma questão de coerência ao menos consigo mesmo se estes que querem nos constranger a contrair parte da lei na vida cristã e nos chamam de “ladrões” ao menos afirmassem também que os não dizimistas não são salvos e que só poderemos nos salvar pela observância do dízimo, pois em I Cor 6.10 diz que roubadores não herdam o reino de Deus, mas nem mesmo eles tem coragem de dizer tamanha heresia.

 

Faz-me lembrar a oração de um fariseu dizimista e que (como estes) chamava os demais homens que não praticava o dízimo de roubadores, e a oração de um publicano, pecador, não dizimista, sem obras da lei, ansiava por justificação da graça e Jesus claramente diz que este publicano sim saiu justificado (Lc 18.10á14).

 “Dois homens subiram ao templo para orar; um fariseu, e o outro publicano.

O fariseu, de pé, assim orava consigo mesmo: ó Deus, graças te dou que não sou  como os demais homens, roubadores, injustos, adúlteros, nem ainda com este publicano. Jejuo duas vezes na semana, e dou o dízimo de tudo quanto ganho.

Mas o publicano, estando em pé de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: ó Deus, sê propício a mim, o pecador!

Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele”

 

“Concluímos, pois que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei... Pois Cristo é o fim da lei para justificar a todo aquele que crê”. .(Rm 3.28 – 10.4).

 Não devemos usar de tal liberdade para transformar a ganância destes em avareza da nossa parte, pois onde estaria a gratidão e o amor á obra de Deus? A avareza é idolatria, é isto que o mestre ensinou quando disse que não podemos servir á dois senhores em Mt 6.24, sem dinheiro não se constroem igrejas, não se paga contas, não se compra terrenos nem se assalaria os dignos obreiros (I tm 5.18), contribua com abundância para obra do Senhor conforme um coração tocado por Deus, (“Mas digo isto: Aquele que semeia pouco, pouco também ceifará; e aquele que semeia em abundância, em abundância também ceifará,”ICor.9.6), não precisamos mais da força legalista de valor estipulado, temos a liberdade de contribuir com alegria e não por necessidade, mas pela bondade, gratidão, amor, com espontaneidade.”Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, nem por constrangimento; porque Deus ama ao que dá com alegria. E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda boa obra; IICor 9.7e8” sem vigilância ou prestar contas á homens, mas á Deus que é tudo sobre todos.

 

 

             Osni de Figueiredo   Cooperador  na Sede setor 14 Ass. De Deus Belém

             Certificado em teologia pelo ICP – Instituto Cristão de Pesquisa

                Osni.f@ig.com.br   -  https://osni.blog.terra.com.br

 (se não concorda comigo, não me deteste, conteste-me com argumentos bíblicos, terei prazer em te ouvir)

 

 

Trago á lume as palavras do grande reformador Martinho Lutero:

 

“A menos que vocês provem para mim pela Escritura e pela razão que eu estou enganado, eu não posso e não me retratarei. Minha consciência é cativa à Palavra de Deus. Ir contra a minha consciência não é nem correto nem seguro. Aqui permaneço eu. Não há nada mais que eu possa fazer. Que Deus me ajude. Amém.”   Martinho Lutero

 

E as palavras de führen nach Rom:

Calar por amor ou falar por causa da verdade?

                                                              
Quem se cala diante do pecado, da injustiça e de falsas doutrinas não ama de verdade. A Bíblia diz que o amor "...não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade" (1 Co 13.6). Deveríamos orar muito por sabedoria e, com amor ainda maior, chamar a atenção para a verdade e não tolerar a injustiça. 

Ao estar em jogo a verdade, Estevão argumentou, mas sempre em amor a seu povo e com temor diante da verdade em Cristo. O apóstolo Paulo estava disposto a ser considerado maldito por amor ao seu povo, mas não cedia um milímetro quando se tratava da verdade em Cristo. Jesus amou como nenhum outro sobre a terra, mas assim mesmo pronunciou duras palavras de ameaça contra o povo incrédulo, que seguia mais as tradições e as próprias leis do que a Palavra de Deus. O Dr. John Charles Ryle, bispo anglicano de Liverpool que viveu de 1816 a 1900, certa vez disse assim: “Controvérsias religiosas são desagradáveis. Já é extremamente difícil vencer o diabo, o mundo e a carne sem ainda enfrentar conflitos internos no próprio arraial”.

 

Mas pior do que discutir é tolerar falsas doutrinas sem protesto e sem contestação. A Reforma Protestante só foi vitoriosa porque houve discussões. Se fosse correta a opinião de certas pessoas que amam a paz acima de tudo, nunca teríamos tido a Reforma. Por amor à paz deveríamos adorar a virgem Maria e nos curvar diante de imagens e relíquias até o dia de hoje. O apóstolo Paulo foi a personalidade mais agitadora em todo o livro de Atos, e por isso foi espancado com varas, apedrejado e deixado como morto, acorrentado e lançado na prisão, arrastado diante das autoridades, e só por pouco escapou de uma tentativa de assassinato. Suas convicções eram tão decididas que os judeus incrédulos de Tessalônica se queixaram: "Estes que têm transtornado o mundo chegaram também aqui" (At 17.6).

 

Deus tenha misericórdia dos pastores cujo alvo principal é o crescimento das suas organizações e a manutenção da paz e da harmonia. Eles até poderão fugir das polêmicas, mas não escaparão do tribunal de Cristo.   

                                                                                              "Alle Wege führen nach Rom”